terça-feira, 29 de setembro de 2009

Por vezes, espero o seu toque.
Vai de leve, vem com o vento
o desejo de quem não saber mentir
E sufoca-se, com os lábios mordidos para dentro
comprimindo-se inteira
fazendo a temperatura subir.

Até o menor gesto
despreende uma faísca
que arrisca e incentiva a sair
do seu centro, correndo pelo corpo
contorcendo-se, não deixando exprimir
o quão importante se tornou sua presença
Me contenta apenas seu sorrir.

Conto os minutos até que chegue o momento
de sentir os dedos deslizantes
na pele tenra, suave...
despertando o mais profundo querer
fazendo-me ser, só, o senso descomunal
do viver.
Clara e gostosamente,
uma parte de você.
Cala-me a boca, o som,
emissão.
Aquietam-se os desejos
desesperados arquétipos.
Sonho sem a maldade do "por vir",
amargando as diretrizes.

Tombo e embalanço no torpor que o momento traz
como música rala
que gira, gira, e nunca se acaba.

Desenfreados são esses pensamentos
vão e vêm, se esfregando entre os dedos
despedaçados em parte, pela estrada
Fragmentos passados...

Deixo agora o criar, pulsar como o ar
que se espalha pelas entranhas,
dissolvendo-se
renovando-se
espelhando-se e renascendo
Fluido intenso, dissolvendo-se
Olhar mormente vidrado, dissolvendo-se
Decorre em mim totalmente
as simétricas partes que, enfim,
vão virar semente.
Hoje eu me salguei em água
Debulhada, aos poucos, fui derramada
Me espalhando em sonhos desfeitos
jorrados diretamente, do peito ao chão.

O duplo foco tornou-se vermelho
saltitante e ardente
como o líquido golfante que surge
subindo e descendo pelas entranhas
Ofegantes são os pensamentos
E a alma? Por onde vaga?
Vai, vai, e longe, se cala

Bate em meio ao peito, a realidade
vibrando todo o ser
que ninguém mais sabe se é habitado
E já não há mais água
não há flores
nem passa clara, a noite, entorpe.